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Das Viagens

Viajar devia de ser como o sonho: uma constante da vida. Aqui trago relatos apoiados numa visão muito pessoal do prazer de cirandar por aí.

Viajar devia de ser como o sonho: uma constante da vida. Aqui trago relatos apoiados numa visão muito pessoal do prazer de cirandar por aí.

Das Viagens

07
Mar17

TAILÂNDIA - PARTE SEXTA

Eduardo Gomes

(Continuação)

 

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Faça-se agora um balanço do que observámos. Dizer que a vida é barata na Tailândia é um mito, sobretudo para nós, ocidentais. O primeiro problema são os transportes, sendo que os usados pelos locais são a preço acessível para os turistas. A questão põe-se em saber se estamos dispostos a ser maltratados num barco em que o tempo de atracação para entradas e saídas raramente excede os dez segundos; se queremos viajar em camionetas onde nem o nosso gado transportaríamos; se nos agrada uma viagem de comboio de várias horas numa carruagem sem conforto nem ar condicionado, feita debaixo de 40 graus de calor, no meio de cheiros nauseabundos. Se sim, estamos conversados; se não, lá se vai o mito. É que embora existam nos barcos em Bangkok zonas diferenciadas de custo, o turista leva sempre com o preço mais caro. Insatisfeitos, os cobradores recebem as notas e fecham-se em copas, como se não tivessem de devolver o excesso; por último, recorrem à estratégia do “não tenho troco”, que só entendemos por gestos. Habilidosamente, cativam-nos primeiro a nota alta, e depois esperam que não tenhamos outra forma de pagar para não a devolverem. Nos comboios o funcionário não pergunta em que classe se pretende viajar, avança com o bilhete mais caro, o que, no caso da viagem para Ayuthaya, por exemplo, salta dos 30 bath em terceira classe para os 340 bath em segunda. Vá-se lá saber a fortuna que custará viajar em primeira. Os tuk-tuk e os táxi esmifram carne e osso ao turista. O custo pode ascender a 10 vezes o praticado para com os locais.

 

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Passemos à alimentação. É barata se comermos pela rua, isto é, se adquirirmos umas espetad(inh)as de frango em uma qualquer banca mais ou menos improvisada nos passeios. Primeiro aspecto: teremos de comer um bom número delas se não queremos passar fome e ter de repetir a dose de hora a hora; o segundo foco vai para a higiene com que a comida é feita: não há água que não a de uns alguidares onde tudo se lava; as frigideiras, de tão negras, levantam-nos muitas dúvidas sobre o estado do óleo; as pessoas têm um aspecto sujo, sobretudo de mãos e pés. Regularmente lançam os líquidos já amarelados para o chão, coisa em regime de água-vai. Assumindo que não se faça uma viagem tão longa por menos de quinze dias, parece inconcebível que durante tal período só se comam fritos, massas e hamburgers, estes nas trash-food americanas. Esclareça-se que também não ponho as mãos no lume pela higiene com que a comida é confeccionada nos restaurantes – poderei a estar a fazer pagar o justo pelo pecador, contudo, basta uma pequena volta por qualquer cidade tailandesa para nos deixar fortemente preocupados com tal pormenor –. Olhos que não vêem...

As bebidas possuem um enorme inconveniente: o imposto sobre o álcool. Vinho é quase impossível alcançá-lo fora dos hotéis. Numa loja encontrei várias marcas de origens diferenciadas, a preços faraónicos. A cerveja de 0,33 cl custa 1,20 euros, quer nos supermercados quer pela rua fora, e acima dos 2,5 nos pequenos restaurantes. Numa pequena unidade, duas pessoas pagam pelo prato – normalmente servido em quantidades muito aquém daquelas a que estamos habituados em Portugal – e só pelo prato e uma água ou cola, entre seiscentos e oitocentos bath, algo entre 15 e 20 euros. Barato? Nos hotéis, para além do preço escalar montanhas, há que considerar 17% de taxas que só surgem ao pagar da conta. Um simples menu self-service tomado ali, suplantou os três mil bath, coisa a aproximar-se dos cem euros.

 

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A roupa é outro indicador interessante. Descontando as contrafacções vendidas em qualquer tipo de mercado, recorro ao exemplo da seda, pois o país é um grande produtor deste produto no seu estado natural. Visitei uma fábrica e uma loja de renome. A primeira possuía claramente um outro nível, quer na imagem da empresa, que inclui visita explicativa ao respectivo museu, quer no design e beleza das peças. Vamos a preços: um robe para homem custa 5 000 bath; uma túnica de senhora 4 000; uns simples boxers 2 000. Na loja situada na cidade de Chiang Mai, os preços baixavam cerca de 10%. Baratos? Sem ser um profundo conhecedor do sector, diria que preços assim se encontram em qualquer Dior, Channel ou Hermés por essa Europa fora.

A simpatia dos tailandeses, posso afirmá-lo agora sem ponta de dúvida, é outra falácia. A gentileza não passa de pretexto para interesses materiais. Pagam-se à parte os serviços e no final há sempre uma box tip à nossa espera.

 

Vale a pena visitar a Tailândia?, é a interrogação final. Respondamos, então:

– Se ao europeu interessa conhecer e desenvolver conhecimentos acerca da cultura e religião thai, dos fundamentos do budismo, a resposta é sim, sem dúvida;

– Se pretendemos ir espreguiçar-nos ao sol em uma qualquer piscina; dar-nos à maçada de ir uma por outra vez à praia em frente ao resort; a resposta só pode ser não. Tem melhores e mais baratas propostas em Maiorca ou mesmo no Brasil, com evidentes vantagens quer no esforço das horas de viagem, quer no custo da estadia.

Abra-se um pequeno parêntesis para recordar a conversa com um dos membros da tripulação da Thai Airlines em pleno voo:

– Que impressão tem da Tailândia? – questionou.

– Tem coisas boas e coisas más! – respondo.

O jovem franze a testa, parece surpreendido. Concluo:

– As boas deu-vos a Natureza; as más construíram-nas vocês!

 

 

O que ficou por ver/fazer?

 

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Em Bangkok:

– A noite na zona turística, o que inclui o negócio do sexo;

– Mirar os preços de electrónica no centro comercial Pantip Plaza, e de roupa na Indra Square / Pratu Nam market;

– Wat Arun (Templo do Crepúsculo), em Thonburi;

– Wat Tramit, com a imagem do Buda em ouro maciço. Fica na Chinatown (ao contrário de mim, que jamais atingirei o Nirvana, consta que o Siddãrtha Gautama o fez, faz mais de dois mil anos, pelo que, decerto, já não terá muito apurados nem a visão nem o olfacto).

 

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Em Chiang Mai:

– Mercado Warorot;

– Doi Pui Tribal Village – White Hmong hilltrib;

– Cascata Namtok Mae Ya. Fica no Parque Nacional Doi Inthanon;

Mercado da Walking Street (16-24 H, só aos domingos);

– Dar uma espreitadela no Hotel Dhara Dhevi.

 

 

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Em Chiang Rai:

– Passeio pelo Rio Mekong-Rio Ruak( Triângulo Dourado). Visitar a Casa de Opio – The Hall of Opium Golden Triangle Park;

– Montanhas Doi Mae Salong e Doi Tung (Doi Tung Royal Villa);

– Aldeia de Chiang Saen – Museu Nacional;

– Mae Fah Luang Art and Culture Park e Mae Fah Luang Gardens;

– Pu Chi Fah Forrest Park.

 

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Em Koh Samui:

– Fugir dali para fora!

 

 

É hora dos prémios. Vamos a eles.

 

»»» Melhor Restaurante:

– Prachak Roasted Duck, Bangkok

– Lemongrass, Chiang Mai

– Chivit Thamma Da Coffee House, Chiang Rai

– Samui Paleang Restaurant, Koh Samui

E o prémio vai para: Lemongrass.

 

»»»  Melhor Hotel:

Royal Orchidy Sheraton, Bangkok

 

»»» Melhor Resort:

Le Méridien, Chiang Rai

 

»»»  Melhores Locais:

Em Bangkok: Palácio Real e Wat Pho. Nos arredores: Tha Kha Market (Mercado Flutuante).

– Em Ayuthaya: Cidade Velha.

Em Chiang Mai: Wat Chedi Luang, Wat Phra That Doi Suthep e Wat Umong.

Em Chiang Rai: White Temple e Black House.

Em Koh Samui: Ang Thong National Park.

 

FIM

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